terça-feira, 21 de agosto de 2012

Força Aérea leva à fronteira experts em dependência química

Quando o pequeno Leo Vitor foi adotado, aos 5 meses, o prognóstico médico era dos piores: o menino provavelmente não andaria nem falaria, sequela de um traumatismo craniano. Tinha sido espancado pelo pai, viciado em drogas. Ainda havia a suspeita de HIV. Nada disso se confirmou.

Na quarta-feira, ele atravessou correndo um campo de motocross no Chuí, extremo sul do País, no Rio Grande do Sul, ao lado dos novos pais, ao avistar um helicóptero Blackhawk da Força Aérea Brasileira (FAB) que participa da Operação Ágata 5, de combate aos crimes de fronteira. A bordo, especialistas em dependência química. Pela primeira vez, uma equipe de prevenção integra a operação militar.
"A gente conhece de perto o efeito que isso (a droga) faz com as pessoas. A mãe oferecia o bebê na rua como quem vende fruta. O corpinho coberto por hematomas. Minha preocupação agora é com minha filha de 13 anos. A escola não fala de prevenção. A droga é um problema muito sério, e não é porque estamos na fronteira. É um problema mundial", diz Gretty Bermudes, de 34 anos, satisfeita com a palestra promovida pela FAB. Ao lado dos filhos e do marido, Cássio Stoquete, de 33, ela brincava com aviões de isopor distribuídos pelos militares, antes da apresentação dos especialistas.
Três especialistas do Rio foram convidados para integrar a operação. Participaram da ação o psiquiatra Jorge Jaber, presidente da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad), um dos formuladores da portaria municipal que determina a internação compulsória de crianças e adolescentes que usam crack no Rio, a enfermeira pediátrica Sylvia Cibreiros, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que desenvolve linha de pesquisa sobre saúde e criança, e a pedagoga e especialista em dependência química Ângela Hollanda, que transmite tecnologia de tratamento comunitário.
Em um período curto de quatro dias, Jaber e sua equipe entraram e saíram de oito aeronaves, entre aviões bandeirantes e helicópteros, para falar a diferentes públicos - de autoridades e profissionais da saúde do Chuí a gestores de abrigos e internos de orfanatos em Porto Alegre.
Prevenção. "O que estamos tentando fazer é aliar a prevenção ao trabalho de repressão. O que a gente quer é dificultar a formação de mão de obra na fronteira. O usuário de droga da fronteira tende a se transformar em mão de obra especializada - conhece o terreno, sabe os caminhos", afirma o major brigadeiro José Geraldo Malta, comandante da FAB na Ágata 5.
Jaber explica que a intenção não é aprofundar o debate sobre as drogas. E evita temas polêmicos, como a discussão sobre a legalização ou não. "A intenção não é levar cura, mas semear ações que impeçam principalmente os jovens de adquirir doença mental. Porque a dependência química é uma doença", afirma Jaber.
Fonte:Estadão

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