Em 2004, com três meses de gravidez, Severina descobriu que a criança era anencéfala. No momento da descoberta, estava valendo a liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, que autorizava a antecipação do parto a gestantes que identificaram a deformidade dos fetos por meio de laudo médico.
Severina, que mora em Chã Grande, foi internada em Recife para fazer o procedimento. No entanto, no momento em que era preparada para o parto antecipado, a liminar foi cassada pelos ministros da Corte. Com isso, a agricultora teve de passar por mais quatro meses de gestação.
"Foi muito sofrido. (O hospital, em Recife) Era bastante distante de onde eu moro. Chegava lá, o médico só me olhava, porque ele não podia fazer nada. Eu sentia muita dor. O médico ficou muito preocupado comigo, me ligava para saber como eu estava, mas não podia fazer mais nada", disse a agricultora.
Com sete meses de gestação, ela teve o bebê retirado. De acordo com o marido de Severina, Rosivaldo Ferreira, o parto antecipado só foi possível depois da autorização de um juiz, pois a agricultora corria risco de morrer. "A gente já tinha uma criança e queria outra. E quando foi descoberto que o feto era anencéfalo foi um abalo imenso. Foi por isso que a gente correu atrás da Justiça para a antecipação do parto. Se fosse até os nove meses de gestação, ela podia morrer", contou Rosivaldo.
Com o placar de 5 votos a 1 pela descriminalização do aborto de fetos anencéfalos, o STF suspendeu o julgamento na noite desta quarta. O plenário da Corte retoma o processo amanhã, a partir das 14h.
A posição foi defendida pelo relator, ministro Marco Aurélio Mello, e acompanhado pelos ministros Rosa Weber, Joaquim Barbosa, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Último a votar hoje, o ministro Ricardo Lewandowski divergiu da maioria
Fonte:Terra
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