Os dois lados sustentarão que a facção criminosa PCC é subproduto da ação policial que deixou 111 mortos na invasão do pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção.
As mortes ocorreram em outubro de 1992 e o surgimento da facção, em agosto de 1993, num presídio de Taubaté (a 140 km de São Paulo).
A forma como cada parte vai explicar a relação entre esses dois episódios, entretanto, é completamente distinta.
Para o Ministério Público, a violência da PM no episódio foi fator decisivo na organização da facção.
"Está no estatuto da facção. [O massacre] foi levado em consideração para que casos como esse não voltassem a se repetir", diz o promotor Márcio Friggi de Carvalho.
LINHA DURA
O grupo fundador do PCC reivindicava o fim da linha dura e dos maus-tratos contra os presos.
O diretor dessa unidade na época em que a facção surgiu era José Ismael Pedrosa, o mesmo que dirigia a Casa de Detenção do Carandiru durante o massacre de 1992.
Pedrosa foi assassinado com pelo menos seis tiros em Taubaté, em outubro de 2005.
Pedrosa foi assassinado com pelo menos seis tiros em Taubaté, em outubro de 2005.
A advogada Ieda Ribeiro de Souza, defensora dos PMs no processo, atribui a responsabilidade pelo surgimento da facção às reações críticas à atuação policial no episódio.
Para ela, tais reações inviabilizaram a entrada de PMs nos presídios dali em diante. "Deram carta branca aos bandidos quando restringiram a PM de entrar nos presídios. Por isso, estamos na situação que estamos hoje", diz.
O massacre levou à desativação da Casa de Detenção. Encaminhado à OEA (Organização dos Estados Americanos), o caso só não levou o país a julgamento porque o Estado de São Paulo se comprometeu a reduzir a superlotação nos presídios.
O episódio também resultou na reorganização administrativa promovida pelo governo paulista.
Os presídios saíram da esfera da Segurança Pública e ganharam uma pasta própria, a Secretaria da Administração Penitenciária, criada em janeiro de 1993, a primeira do gênero no Brasil.
Folha de SP
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