Quando foi feito o exame de microscopia eletrônica, os corpos já tinham sido lavados. Querer encontrar antimônio depois disso tudo é querer encontrar pelo em casca de ovoO advogado José Fragoso - que defende os quatro policiais militares acusados de envolvimento nas mortes do empresário Paulo César Farias e da namorada dele, Suzana Marcolino - apresentou nesta sexta-feira argumentos contra o laudo que apontou que o crime foi um duplo homicídio. Fragoso defende que a primeira conclusão da polícia, que dizia que Suzana havia matado PC e cometido suicídio, estava correta. O advogado também tentou convencer os jurados de que a mulher tinha tendências suicidas.
José Fragosoadvogada de defesa
A defesa passou a maior parte de suas duas horas e 30 minutos de fala argumentando contra o laudo elaborados pelo perito criminal Domingos Tochetto e pelo médico legista Daniel Muñoz. Os dois, que prestaram depoimento no júri na quinta-feira, contestaram a tese de crime passional baseados em alguns aspectos, como a quantidade de resíduos de pólvora encontrada nas palmas das mãos de Suzana, a trajetória da bala que a atingiu e a falta de marcas de sangue na arma.
Fragoso argumentou que, quando Tochetto e Muñoz fizeram as análises, as provas não estavam mais conservadas. "Quando foi feito o exame de microscopia eletrônica, os corpos já tinham sido lavados. Querer encontrar antimônio depois disso tudo é querer encontrar pelo em casca de ovo", disse.
O advogado criticou a medição do cadáver feita pelo legista, que, segundo ele, tinha acesso ao corpo, mas preferiu medir os ossos. Fragoso usou trechos de um livro que afirmavam que o método usado por Muñoz pode ter falhas.
A defesa falou também sobre os testes feitos pelo segundo laudo a respeito da presença de marcas de sangue e impressões digitais no revólver. "Se alguém tivesse limpado a arma, teriam ficado fragmentos de impressões digitais?", questionou o advogado.
"Isso é um bilhete suicida"
José Fragoso também tentou desacreditar Suzana Marcolino aos jurados, buscando mostrar que ela tinha tendências suicidas. Ele lembrou o telefonema feito pela mulher ao dentista Fernando Corleone, e mostrou um trecho em que Suzana falou à secretária eletrônica: "espero um dia encontra você, nem que seja na eternidade. (...) Em algum lugar desse ou de outro mundo eu encontro você, tenho certeza absoluta". "Isso é um bilhete suicida, isso com certeza", disse o advogado.
José Fragoso também tentou desacreditar Suzana Marcolino aos jurados, buscando mostrar que ela tinha tendências suicidas. Ele lembrou o telefonema feito pela mulher ao dentista Fernando Corleone, e mostrou um trecho em que Suzana falou à secretária eletrônica: "espero um dia encontra você, nem que seja na eternidade. (...) Em algum lugar desse ou de outro mundo eu encontro você, tenho certeza absoluta". "Isso é um bilhete suicida, isso com certeza", disse o advogado.
A defesa também afirmou que Suzana mentiu sobre estar grávida de PC Farias. "O exame deu negativo, mas ela falava que estava grávida", disse Fragoso. Segundo o advogado, PC buscava descobrir algum segredo de Suzana que pudesse usar como motivo para terminar o relacionamento com ela.
Tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, PC Farias era apontado como uma das pessoas mais próximas do então presidente. Ele foi denunciado por sonegação fiscal, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. Respondem pelas mortes Adeildo Costa dos Santos, Reinaldo Correia de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva.José Fragoso encerrou sua fala por volta das 14h, e o juiz determinou intervalo para o almoço. Na volta, o promotor Marcos Mousinho terá até duas horas para fazer a réplica. O mesmo tempo é dado à defesa na tréplica.
O crime
Os PMs trabalhavam como seguranças de PC Farias e são acusados de homicídio qualificado por omissão. Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados na madrugada do dia 23 de junho de 1996, em uma casa de praia em Guaxuma. À época, o empresário respondia a vários processos e estava em liberdade condicional. Ele era acusado dos crimes de sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte de PC Farias chegou a ser investigada como queima de arquivo, já que a polícia suspeitou que o ex-tesoureiro poderia revelar nomes de outras pessoas que teriam participação nos mesmos ilícitos.
Os PMs trabalhavam como seguranças de PC Farias e são acusados de homicídio qualificado por omissão. Paulo César Farias e Suzana Marcolino foram assassinados na madrugada do dia 23 de junho de 1996, em uma casa de praia em Guaxuma. À época, o empresário respondia a vários processos e estava em liberdade condicional. Ele era acusado dos crimes de sonegação de impostos, falsidade ideológica e enriquecimento ilícito. A morte de PC Farias chegou a ser investigada como queima de arquivo, já que a polícia suspeitou que o ex-tesoureiro poderia revelar nomes de outras pessoas que teriam participação nos mesmos ilícitos.
Entretanto, a primeira versão do caso, que foi apresentada pelo delegado Cícero Torres e pelo legista Badan Palhares, apontou para crime passional. Suzana teria assassinado o namorado e, na sequência, tirado a própria vida. A versão foi contestada pelo médico George Sanguinetti, que descartou tal possibilidade e, mais tarde, novamente questionada por uma equipe de peritos convocados para atuar no caso. Os profissionais forneceram à polícia um contralaudo que comprovaria a impossibilidade, de acordo com a posição dos projéteis, da tese de homicídio seguido de suicídio.
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