domingo, 9 de junho de 2013

Contra violência em bairros nobres, paulistanos apostam em celular 'descartável' e kit "engana ladrão"

  • Renata Rodrigues (e) e Regina Pelosi, que abandonaram o hábito de usar relógio para evitar assaltos
    Renata Rodrigues (e) e Regina Pelosi, que abandonaram o hábito de usar relógio para evitar assaltos
A onda de violência em bairros nobres de São Paulo --nos últimos dez dias, foram oito casos de tiroteios e tentativas de roubo em áreas como Itaim Bibi, na zona Sul, Higienópolis, na região central, e Jardins e Pinheiros, na zona oeste-- fez com que o paulistano desenvolvesse estratégias para evitar o prejuízo.
  • A publicitária Taís Rimoli com seus dois telefones celulares: o 'descartável', à esquerda, e o mais caro
"Já me levaram dois telefones celulares modelo Iphone [da Apple, avaliado em R$ 1.500] durante assaltos", diz a personal trainer Taís Rimoli, 31, que trabalha na alameda Santos, região central da cidade, que foi palco de umatroca de tiros entre um suspeito de roubo e um policial militar à paisana no dia 4.
"Então agora eu ando com o meu terceiro Iphone escondido na calça e levo um Blackberry [avaliado em R$ 300] na bolsa. Se o ladrão vier, eu entrego o baratinho e fico com o mais caro", diz. "A sensação de insegurança é muito grande. Sempre teve assalto na região da Paulista, mas tiroteio é novidade."
Para Taís, a criminalidade no bairro aumentou, e segundo ela o problema é a impunidade, que faz com que muitos jovens com menos de 18 anos se envolvam com o crime.
Regina Pelosi, 48, secretária de uma empresa nos arredores da rua Oscar Freire, zona oeste, onde um assalto terminou com duas pessoas baleadas em 28 de maio, diz que precisou abandonar as joias, e agora só circula na região – que tem um dos metros quadrados mais caros da cidade – com bijuterias.
"Além disso parei de usar relógio. Antes de sair para almoçar, tiro tudo e deixo na mesa", afirma Regina. "E muitas vezes eu opto por pedir comida no escritório ao invés de sair para comer. Não me sinto segura em lugar nenhum."
De acordo com Renata Rodriguez, 37, secretária de projetos e amiga de Regina, "somos todos reféns dos bandidos, que estão tirando sarro da nossa cara e ninguém faz nada".
A publicitária Daniela Mantovan de Moura, 34, diz que guarda cartões de crédito e carteira de habilitação vencidos em uma bolsa que fica no banco do passageiro do carro. "Se um ladrão me assaltar enquanto eu estiver dirigindo, entrego esse kit 'engana ladrão'", diz.
Para o bancário Paulo Werneck, 48, a situação está fora de controle. Ele trabalha no Itaim Bibi, na zona sul, onde no dia 6 uma tentativa de assalto acabou com um policial que trabalhava como segurança baleado.
"Minha casa, no Alto de Pinheiros [zona oeste da cidade], já foi assaltada duas vezes. Até ameaçaram tacar fogo em mim", diz. "Alguns privilegiados podem usar carro blindado. Eu tenho, mas deixo com o motorista da minha família", conta.
Paulo afirma que os bandidos estão mais ousados e que a lei privilegia o infrator. "O sujeito é preso e depois de três meses já está na rua de novo". 
"Me sinto uma vítima em potencial, porque tenho que andar de terno e mochila aqui na região da Paulista. Os bandidos acham que gente do meu perfil é rica e tem computador na mala", diz Luiz Carlos Ribeiro Filho, 32, gerente de tecnologia. "A situação só piora, os ladrões perderam o medo".
Para evitar assaltos e arrastões, ele afirma que não atende mais o telefone celular na rua. 

UOL

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