Os ataques aos procuradores responsáveis pela Operação Monte Carlo provocaram a reação da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Na última sessão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Tito Amaral, ex-assessor do senador Demóstenes Torres, envolvido no caso, falou em punir com pena de morte os procuradores em razão dos vazamentos de dados da investigação.
O presidente da ANPR, Alexandre Camanho, afirmou que o conselheiro deveria ter se revoltado contra a infiltração do crime no Ministério Público de Goiás, ao qual pertence. "Há inegavelmente um grave erro de perspectiva. Indignar-se contra os vazamentos e não se indignar com o fato criminoso em si causa uma estranheza monumental. Realmente é insólita essa manifestação dele", disse.
Camanho negou a responsabilidade dos procuradores, mas admitiu que é preciso investigar o vazamento de informações para a imprensa. "Contra os vazamentos, não há necessidade de ninguém se indignar, há necessidade de apurar e isso está sendo feito", acrescentou.
O presidente da ANPR disse ser preocupante a decisão do conselho de punir o procurador Matheus Baraldi, do Ministério Público Federal em São Paulo, por conceder uma entrevista coletiva em que dava explicações sobre uma busca e apreensão de operação que estava sob sigilo. No julgamento, os conselheiros decidiram demitir o procurador, mas a pena foi convertida em suspensão por 90 dias.
"Já se ouvem, aqui e ali no MP, alguns colegas dizerem que é melhor que nunca mais falemos nada em razão do julgamento deste caso", afirmou Camanho. "É evidente que isso seria uma grande treva, um retrocesso monumental para a democracia."
Durante a sessão do CNMP, o conselheiro Lázaro Guimarães afirmou que a punição a Baraldi abria precedente para aplicar a mordaça aos promotores e procuradores. Uma proposta tramita no Congresso para impedir que integrantes do MP concedam entrevistas sobre investigações em curso.
Fonte:Estadão
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