quarta-feira, 4 de abril de 2012

Câmara votará proposta que 'ressuscita' Lei Seca


Acordo com governo deve colocar em pauta projeto que livra autoridades da dependência do bafômetro para punir motoristas embriagados


Policial realiza blitz da Lei Seca, em São Paulo
Policial realiza blitz da Lei Seca, em São Paulo (Julia Chequer/Folhapress)
Com o sinal verde do governo, a Câmara dos Deputados deve votar na próxima quarta-feira um projeto que torna desnecessário o exame do bafômetro para constatar a embriaguez de motoristas. Pela proposta, outras provas - como vídeos ou o depoimento de testemunhas - poderão ser aceitas para caracterizar o crime, quando o condutor não aceitar soprar o bafômetro nem fazer exame de sangue.
O acordo foi feito nesta quarta-feira em uma reunião do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e das Cidades, Aguinaldo Ribeiro. "O bafômetro, que vinha sendo um instrumento necessário de acusação, passa a ser um instrumento de defesa", justificou Cardoso. Ele afirmou que o exame de alcolemia agora servirá para que os motoristas provem a própria inocência, se quiserem.
O texto já estava em tramitação na Câmara, mas a apreciação da proposta foi acelerada depois que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o exame de sangue ou o teste do bafômetro são necessários para que seja comprovada a embriaguez, o que inviabilizaria a aplicação da Lei Seca. "Esse projeto é uma prioridade para o governo e para a Câmara dos Deputados", disse Marco Maia após o encontro.
O projeto que será votado pela Câmara é uma adaptação da proposta do deputado Hugo Napoleão (PSC-RJ): além de ampliar o leque de provas possíveis para caracterizar o crime de dirigir embriagado, a proposta também deve aumentar as penas para os condutores flagrados com ao menos 0,6 miligramas de álcool por litro de sangue.
Quem é flagrado dirigindo sob efeito de uma quantidade menor de álcool pode ser multado e perder a carteira de habilitação, mas não comete crime. Essa distinção permanecerá, apesar de muitos parlamentares defenderem a criminalização de todos motoristas que dirigirem após ter bebido, independentemente da quantidade de álcool. "Nada impede que, no futuro, nos venhamos a repactuar e adotar a tolerância zero", disse Cardozo.

Fonte:Veja

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