
O grupo criminoso intitulado "Al-Qaeda" foi desarticulado pela polícia durante a Operação Esqueleto
Foto: Edvaldo Malaquias/Divulgação
Foto: Edvaldo Malaquias/Divulgação
Escutas telefônicas revelam a crueldade com que agia o grupo criminoso intitulado de "Al-Qaeda" que foi desarticulado pela polícia durante a Operação Esqueleto. As investigações revelam que os assassinos, além de esquartejar as vítimas, tiravam fotos dos corpos para provar que os homicídios aconteceram e relatavam passo a passo dos crimes através de ligações telefônicas.
Entre os áudios, destaca-se um onde um dos integrantes da suposta facção descreve uma vítima sendo esquartejada. "O boy arrancou o pescoço dele aqui, homi, e os dedos. Os boy tão botando dentro de um saco aqui. Tão deixando ele igual a uma galinha, todo cortadinho", diz um dos suspeitos. Um outro suspeito responde: "deixa tudo picadinho aí, esse bicho aí, e bate as foto daquele modelo".
Foram presas durante a operação 42 pessoas acusadas de integrar um grupo criminoso responsável por homicídios e tráfico de drogas na região metropolitana de João Pessoa. Ao todo, 50 mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos na madrugada da última quarta-feira, sendo 17 dentro do sistema penitenciário.
A ação, coordenada pela Polícia Civil, aconteceu de forma integrada com Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e teve origem a partir de investigações realizadas pelo Grupo de Operações Especiais (GOE). Participam da operação 324 policiais, sendo 240 civis, 60 militares e 24 rodoviários federais.
De acordo com a polícia, o grupo era responsável por 60% dos homicídios praticados em 2012 na região metropolitana de João Pessoa, na Paraíba. Segundo o delegado coordenador da operação, Cristiano Jacques, a organização seria responsável por comandar o tráfico de drogas no Estado, queimar ônibus, realizar rebeliões em presídios, além de ser mandante dos principais homicídios violentos registrados na Grande João Pessoa.
De acordo com Cristiano Jacques, o grupo criminoso possuía vários de seus membros encarcerados, de onde continuavam comandando suas atividades. "Muitos homicídios que vinham sendo registrados foram praticados por integrantes desse grupo criminoso. Esta foi uma das maiores operações realizada pelas polícias estaduais, após a operação Hidra, em Patos, desarticulando criminosos que vinham atuando dentro dos presídios. Sem dúvida, essa ação vai refletir na redução dos índices criminais", destacou.
O secretário da Segurança e da Defesa Social, Cláudio Lima, ressaltou os avanços no combate à criminalidade no Estado, a partir de ações integradas e de uma repressão mais qualificada. "Esse trabalho é resultado de uma nova política de segurança pública em vigor na Paraíba. Todas as forças de segurança estão unidas no combate à violência, atuando de forma mais qualificada e os números confirmam que estamos no caminho certo", afirmou.
Investigação
A delegada Anne Karoline, que integra a operação conjunta, afirmou que investigações há cinco meses desencadearam a operação. "No início nós achávamos que os crimes estavam desconexos, mas após investigação descobrimos que eles tinham relação e eram praticados por um mesmo grupo criminoso", explicou a delegada.
A delegada Anne Karoline, que integra a operação conjunta, afirmou que investigações há cinco meses desencadearam a operação. "No início nós achávamos que os crimes estavam desconexos, mas após investigação descobrimos que eles tinham relação e eram praticados por um mesmo grupo criminoso", explicou a delegada.
Entre os presos na Operação Esqueleto está Anilton de Oliveira Ribeiro, conhecido como "Nenca", apontado pela polícia como um dos principais integrantes do grupo, e que seria responsável por vários homicídios. "Ele já responde por seis assassinatos, era responsável pelas execuções articuladas pelo grupo", acrescentou Cristiano Jacques.
Um sargento da Polícia Militar, que também era candidato a vereador em Bayeux pelo partido PSL, também foi preso. Segundo o delegado, Arnóbio Gomes Fernandes prestava serviços de segurança particular para sub-chefes da quadrilha de tráfico de drogas.
Organização criminosa
Segundo as investigações, a organização criminosa administrada de dentro dos presídios de João Pessoa era uma verdadeira empresa. Os líderes que estavam dentro dos presídios deixavam uma cartilha com as orientações para que os integrantes livres cumprissem as determinações.
Segundo as investigações, a organização criminosa administrada de dentro dos presídios de João Pessoa era uma verdadeira empresa. Os líderes que estavam dentro dos presídios deixavam uma cartilha com as orientações para que os integrantes livres cumprissem as determinações.
O grupo, de acordo com a polícia, possuía hierarquia e tarefas bem definidas. Entre os integrantes estavam gerentes, distribuidores, soldados do tráfico e vendedores diretos aos dependentes químicos. Grande parte das drogas comercializadas pela organização criminosa paraibana desarticulada era fruto de parcerias com organizações criminosas de outros Estados, como São Paulo. "Há indícios de que uma outra grande organização criminosa de São Paulo tinha vínculos com a organização desarticulada hoje na Paraíba. A investigação aponta que parte da droga comercializada aqui era enviada por São Paulo", comentou o delegado Cristiano Jacques.
Após o cumprimento do mandado de prisão e busca e apreensão, a polícia passará a investigar um esquema de lavagem de dinheiro utilizado pela organização criminosa. Segundo Cristiano Jacques, a quadrilha investia parte do dinheiro coletado com o tráfico de drogas na construção civil. "Encontramos um grande prédio sendo construído na comunidade do Timbó, nos Bancários (em João Pessoa), que seria financiado com dinheiro de traficantes. Iremos investigar se outras casas construídas na comunidade possuem ligação com o grupo", completou.
Al-Qaeda e Estados Unidos
Dois grupos disputam o comando do tráfico na região metropolitana de João Pessoa: Al-Qaeda e os Estados Unidos. A Al-Qaeda foi criada há cerca de dez anos e a outra facção não se sabe a data certa de criação. A rivalidade entre os grupos também ocorre no sistema penitenciário.
Dois grupos disputam o comando do tráfico na região metropolitana de João Pessoa: Al-Qaeda e os Estados Unidos. A Al-Qaeda foi criada há cerca de dez anos e a outra facção não se sabe a data certa de criação. A rivalidade entre os grupos também ocorre no sistema penitenciário.
Fonte:Terra
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