Inspetor alega que PMs cometeram abuso de autoridade, constrangimento ilegal e ameaça. Já os militares afirmam terem sido desacatados
Uma discussão entre um policial civil e uma guarnição da Brigada Militar terminou na delegacia em Porto Alegre (RS), na manhã desta terça-feira. Ao trafegar em alta velocidade em uma viatura discreta no bairro Menino Deus, o inspetor da Delegacia de Homicídios foi parado três vezes por policiais militares, que, com armas em punho, exigiram que ele se identificasse. Na Delegacia de Pronto Atendimento da Polícia Civil, os PMs alegaram terem sido desacatados pelo inspetor, que acusou os brigadianos de constrangimento ilegal, abuso de autoridade e ameaça.
A confusão teve início na rua José de Alencar, por volta das 10h30. Ao avistarem um automóvel Palio trafegando em alta velocidade, policiais militares a bordo de uma viatura deram início a uma perseguição que chegou ao fim na rótula do Papa, na esquina com a avenida Érico Verissimo, onde o inspetor foi abordado.
"O policial civil estava cumprindo ordem de serviço, em viatura discreta. Como estava em alta velocidade, os policiais militares fizeram uma abordagem - diga-se, uma atitude plenamente correta. O inspetor, então, tirou o sinal luminoso (giroflex), botou no carro, acionou a sirene também, comprovando que era uma viatura discreta, e disse seu nome. O PM inclusive fez um sinal com a mão de que tinha entendido, a viatura militar sequer seguiu o policial", afirmou o delegado Arthur Raldi, titular da 6ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O tenente Nunes, do 1º BPM, alega que, pelas informações prestadas, não era possível garantir que o inspetor era, de fato, um policial. "Ele parou, mas não deu seus dados. De longe mostrou a carteira, a guarnição (da Brigada Militar) não sabia de nada. Ele não deixou nem manusear a carteira. Giroflex e sirene não é garantia de nada, qualquer um faz uma carteira falsa hoje em dia", afirmou.
De acordo com Raldi, os policiais militares anotaram a placa do veículo e entraram em contato com o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), que confirmou que se tratava, de fato, de uma viatura discreta. Entretanto, o inspetor foi novamente abordado pelos policiais militares, que afirmaram terem sido desacatados pelo inspetor.
"O erro está que, alguns metros após, foi feita uma segunda abordagem. Os policiais militares abordaram de novo, dessa vez apontado arma para o policial civil, querendo que ele se identificasse e afirmando que aquilo (informado antes) não tinha sido suficiente. O policial civil já tinha se identificado e mostrou o distintivo e a carteira funcional", relatou o delegado. "Eles (PMs) se sentiram desrespeitados, querendo que o policial civil saísse do carro. O inspetor acreditou que a situação já estava resolvida e seguiu seu caminho em direção à delegacia. Quando estava chegando aqui, foi feita uma terceira abordagem", completou.
"Essa terceira foi um disparate total. Havia cerca de 40 policiais militares, fecharam a rua e, com armas em punho, abordaram o policial civil, supostamente por ele ter agido de forma descortês com os PMs. Por esse simples fato, eles poderiam ter vindo aqui na delegacia e registrar uma ocorrência, até porque já tinham a identificação do policial", criticou o delegado.
O tenente Nunes, entretanto, reclama da atitude do inspetor. "A conduta dele, ao nosso ver, não foi correta. Poderia conversar melhor, mostrar a carteira", afirmou. O brigadiano, porém, minimizou o episódio, negando uma rixa entre as polícias. "Nós não queremos gerar nenhum conflito entre as instituições. Foi um fato isolado e que já foi superado", afirmou. Raldi corrobora as declarações do tenente. "Essas querelas que antigamente existiam nas instituições, hoje em dia não existem. A gente tem um trabalho muito próximo com a Brigada Militar. O que ocorre é que tem determinadas pessoas - que agem em nome próprio, e não das instituições - que aí tentam comprometer essa integração", concluiu.
São instituições públicas de segurança e devia haver mais coleguismo e urbanidade entre ambos. A PC quando aborda um PM, caso raro de ocorrer, acaba querendo se sobrepor e a PM, por ser ostensiva, é mais comum abordar um PC, oportunidade que tem de humilhar... parece que era esse o intuito dos PMs do RS. Ao que tudo indica, em uma das abordagens, o PC foi identificado, mas não satisfeitos, os PMs fizeram um estardalhaço para que o PC ficasse subjulgado a eles. Ora, o trabalho da PC deve ser feito de forma discreta, pois é polícia judiciária, mas a PM acabou com tudo, depois desse ato, inadmissível. Quem perde com essa hostilidade entre as instituições é a sociedade.
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