domingo, 25 de maio de 2014

Um ano depois, acusados de matar dentista queimado vão a julgamento em São José

Acusados de matar dentista queimado vão a julgamento em São José. Foto: Claudio Vieira.
Acusados de matar dentista queimado vão a julgamento em São José. Foto: Claudio Vieira.
Promotoria promete apresentar novas provas que ligarão os réus à cena do crime; família critica demora e falhas na perícia do local
Caroline Lopes
Especial para O Vale

Será realizada às 14h de amanhã, na 3ª Vara Criminal de São José dos Campos, a audiência de instrução e julgamento de dois dos cinco réus acusados da morte do dentista Alexandre Peçanha Gaddy, com 41 anos na época, na Vila Tatetuba, zona leste da cidade. Gaddy teve 70% do corpo queimado em um caso de latrocínio frustrado no dia 27 de maio de 2013. Ele morreu 10 dias depois devido a complicações causadas pelas queimaduras.
A acusação, que em dezembro chegou a pedir o adiamento do julgamento, promete novas provas.
Segundo a Promotoria, elas serão capazes de incriminar tanto os dois réus que serão julgados agora- adultos- como os três adolescentes acusados, que respondem em outro processo.
Como o caso corre em segredo de Justiça, os elementos que trazem os réus à cena do crime não puderam ser detalhados. O advogado da família, assistente de acusação, Márcio Alexandre Boccardo Paes, dá uma prévia do que levará ao tribunal. “Temos filmagens, ligações telefônicas e rastreamento de trajetos feito por celular que envolvem os cinco réus. Naquele dia, os cinco se falaram muito, acima do que pode ser considerado normal."

Véspera.Christianne Peçanha Gaddy, 41 anos, é irmã do dentista e, por causa da morte dele, resolveu estudar direito. Na audiência, também fará parte da assistência de acusação.
Ela lembra que o julgamento acontecerá exatamente na véspera de completar um ano da morte da vítima. Ela está descrente de que alguma sentença seja proferida já amanhã. “É uma juíza nova, que acabou de chegar no caso”.
Christianne também afirma que houve falhas na perícia. “Não foram periciados um fio de cabelo que ficou nas roupas do meu irmão, nem o isqueiro e o vidro de álcool, nem a cadeira onde ele ficou amarrado”.

Análise. Maria do Rosário Mathias Serafim, presidente da Associação dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo, diz que as provas poderiam estar comprometidas. “Às vezes, por causa da movimentação de policiais militares e investigadores, ou por outros motivos, as provas já não eram idôneas ou não eram significativas no momento da perícia.”
A Corregedoria da Polícia Civil, em nota, informou que o caso agora é de competência da Justiça, que por sua vez não se manifesta porque “o processo corre em segredo”.

Entenda o caso
O caso
O dentista Alexandre Peçanha Gaddy, 41 anos, teve 70% do corpo queimado no dia 27 de maio de 2013, em latrocínio na Vila Tatetuba, zona leste de São José dos Campos

Julgamento

Está marcada para as 14h desta segunda-feira, 26, a audiência de instrução e julgamento de dois réus adultos. Outros três, adolescentes, foram absolvidos em primeira instância, mas responderão às acusações junto ao Tribunal de Justiça, uma vez que a Promotoria recorreu. No primeiro julgamento, o magistrado considerou as provas insuficientes

Novos elementos

A acusação promete trazer ao tribunal novas provas, como filmagens, rastreamento e ligações telefônicas. Segundo a acusação, há elementos suficientes para comprovar a culpa dos cinco acusados

Defesa

A estratégia de defesa de um dos réus será um álibi. Segundo seu advogado, três pessoas vão testemunhar que seu cliente estava em outro lugar no momento do crime.

Álibi será estratégia da defesa de um réu
Um álibi será a estratégia de defesa do advogado do réu J.L.B., Kleber Antonio Fernandes Pereira, para tentar inocentar seu cliente.
O nome do acusado não pode ser divulgado porque o processo está em segredo de Justiça.
"Meu cliente é inocente, mas muito pouco eu posso falar porque o processo corre em segredo de Justiça. Não podemos falar muito. O que posso adiantar é que ele vai provar que, naquele dia, naquele instante, ele não poderia cometer o crime porque estava em outro local. Isso será provado por três testemunhas", disse.

Inconsistência. Para o advogado, não há elementos que comprovem a culpa.
"O inquérito foi muito bem elaborado pelas autoridades policiais e não é conclusivo. As provas são frágeis".
O VALE não conseguiu contato com o advogado do segundo réu. Na parte do processo liberada ao público, não há profissional constituído.

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