Em 2000 o Brasil contava com 169 milhões de habitantes e ocorreram 28.995 mortes no trânsito: 17,1 mortes por 100 mil habitantes ou 1,7 mortes por 10 mil habitantes. Em 2010 a população chegou a 190 milhões e o número de mortes foi de 40.989 (segundo dados preliminares do Ministério da Saúde, que ainda não concluiu o fechamento estatístico do referido ano): 21,5 mortes por 100 mil habitantes ou 2,15 por 10 mil habitantes.
A frota nacional em 2010 era de 64.817.974 veículos; tivemos 63,24 mortes por 100 mil veículos. Em 2000 a frota era de 29.503.503 veículos, com 98,28 mortes por 100 mil veículos. Levando em conta o número de mortes por veículos, nota-se sensível diminuição entre 2000 e 2010. De qualquer forma, não há nenhum motivo para comemorar, porque o Brasil apresenta um dos maiores índices de mortes no trânsito do mundo.
De 2000 a 2010 o número absoluto de mortes cresceu 41,4% (um dos maiores do planeta). O aumento do número de mortes por 100 mil habitantes, no mesmo período, foi de 25,7%. Nossa frota cresceu fortemente (119,7%); isso significou redução no número de mortes comparado ao número de veículos. Mas em termos absolutos o incremento foi brutal (41,4%).
Se compararmos os desastrados números brasileiros com os europeus fica muito evidente o quanto estamos errando nessa área. Em 2009 a União Europeia contava com 267 milhões de veículos; foram 34.500 mortes no trânsito. Ou seja: 6,9 mortes por 100 mil habitantes (considerando a população de 499 milhões em 2009) ou 12,92 mortes para cada 100 mil veículos.
Comparando-se o Brasil de 2010 com a Europa de 2009 temos o seguinte: a Europa possui 4 vezes mais veículos que o Brasil, mas mesmo assim o Brasil mata 19% mais pessoas em número absoluto; a taxa de mortes por 100 mil veículos brasileira (2010) é 4,9 vezes maior que a europeia (2009); a taxa de mortes por 100 mil habitantes brasileira (2010) é 3,1 vezes maior que a europeia (2009).
A União Europeia colocou em prática um dos mais (senão o mais) fantásticos planos de prevenção de mortes no trânsito, explorando eficazmente os 5 eixos da questão: EEFPP (Educação, Engenharia, Fiscalização, Primeiros socorros e Punição). Na década de 2000 a 2010 o único ano em que houve diminuição de mortes no Brasil foi 2009 (tudo em virtude do incremento da fiscalização que sucedeu à edição da lei seca, de 2008). Logo que começou o afrouxamento na fiscalização, as mortes explodiram (40.989 em 2010, número ainda provisório). Não é a severidade abstrata da sanção, sim, sua certeza, o que reduz a criminalidade (e mortes). Isso já foi dito por Beccaria em 1764 (mas a cegueira da emoção vingativa ainda não captou essa lição).
Fonte:LFG
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