quarta-feira, 6 de junho de 2012

Processo sobre suspeito de 15 estupros em BH é suspenso; advogado quer alegar insanidade


A Justiça de Minas Gerais suspendeu o processo sobre um dos casos de estupro que teriam sido praticados pelo ex-bancário Pedro Meyer, 56, acusado de ter cometido a violência sexual contra 15 meninas na década de 1990, em Belo Horizonte.
O advogado do acusado entrou com um pedido para que Meyer tenha a sanidade mental avaliada. O pedido, denominado “incidente de insanidade mental” foi feito na última segunda-feira (4), e a Justiça também determinou que o caso passe a contar com o segredo de justiça.
Até que sejam atestadas as condições psicológicas do ex-bancário, nenhuma movimentação poderia ser feita no processo. O UOL tentou entrar em contato, por dois dias, com o advogado de defesa de Meyer, mas não conseguiu.
Meyer foi indiciado pela Polícia Civil mineira, no dia 10 do mês passado, por estupro de uma menina que tinha 11 anos à época do suposto crime, em 1997. A vítima, hoje com 26 anos, reconheceu o suspeito em março deste ano na rua em bairro da região centro-sul da capital mineira, seguiu-o até em casa e chamou a polícia.
De acordo com a polícia, o caso desencadeou a investigação, e, desde a divulgação de sua foto, o homem foi reconhecido por mais 15 mulheres que teriam sido vítimas de ataques sexuais dele, ocorridos na década de 1990, na mesma região da capital mineira.
A delegada que cuida do caso havia informado terem sido abertos mais 11 inquéritos (em alguns casos, um único inquérito engloba mais de uma vítima) contra o ex-bancário, que está preso no presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves (região metropolitana de Belo Horizonte).

Dúvidas

A prisão do ex-bancário iniciou uma sucessão de questionamentos sobre a investigação da polícia em razão de série de estupros ocorridos na década de 1990 contra garotas na faixa etária entre 6 e 15 anos, na região nordeste de Belo Horizonte.
Dois homens presos e condenados pelos crimes afirmam terem sido confundidos com Meyer por conta da semelhança física. À época, o porteiro Paulo Antônio da Silva, 66, foi acusado de ter violentado três meninas. Após a prisão de Guimarães, duas das vítimas admitiram ter indicado erroneamente o porteiro como o autor dos estupros.
O advogado Marco Antônio Siqueira, defensor de Silva durante um período, afirma que, mesmo com o cliente preso, os crimes continuaram a serem praticados. O porteiro foi condenado a 30 anos de prisão. Cumpriu cinco anos e sete meses na cadeia.
Adriana Eymar, advogada do artista plástico Eugênio Fiúza de Queiróz, condenado a 40 anos de prisão por estupro contra crianças ocor ridos na década de 1990, também diz acreditar que o cliente foi alvo de erro e colocado atrás das grades no lugar de Guimarães. Ela afirmou que pedirá à Justiça revisão no caso do cliente, que já cumpriu 17 anos da pena.

“Pressão da polícia”

O defensor de Guimarães, o advogado Lucas Laire, havia questionado a culpabilidade do cliente alegando que ele, por se parecer com os outros dois, estaria sendo acusado injustamente. Ainda conforme o advogado, o bancário teria sofrido pressão da polícia para reconhecer a autoria dos crimes.
A delegada Margaret Rocha, chefe da divisão Especializada de Atendimento da Mulher, do Idoso e do Portador de Deficiência de Belo Horizonte (MG), que presidiu um dos inquéritos abertos contra Gu imarães, rebate as acusações e diz que o preso não foi pressionado e teria reconheceu a autoria de ao menos três estupros.
Em relação às investigações praticadas na época dos crimes, ela afirmou não ter subsídios para falar em relação às prisões de Silva e Fiúza e sobre supostos erros da polícia na ocasião. Ela não foi a responsável pelos inquéritos.
“Eu não posso falar sobre isso. Não tenho elementos para afirmar isso. Se houve algum erro, eles têm de recorrer à Justiça para que seja refeito todo o procedimento”, afirmou.
Fonte: Uol

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