quarta-feira, 13 de junho de 2012

Vigilância de vizinhos é arma contra arrastões


O governo do Estado aposta na participação dos vizinhos de bares e restaurantes da capital como uma forma de tentar conter a onda de arrastões a esse tipo de estabelecimento. Ontem de madrugada, a polícia registrou o 17.° caso do tipo no ano: assaltantes roubaram 15 clientes e seis funcionários do Bar Balcão, nos Jardins, zona sul.
Além do engajamento da vizinhança, governo, polícia e donos de bares e restaurantes anunciaram ontem outras medidas para tranquilizar os clientes: aumento da iluminação na fachada dos estabelecimentos comerciais, instalação de câmeras, combate à receptação de produtos roubados e incremento do efetivo policial em datas comemorativas.
A vizinhança pode ajudar a polícia passando informações sobre veículos e pessoas suspeitas nas proximidades, além de denunciar a ocorrência de roubos em andamento. O modelo é inspirado no programa Vizinhança Solidária, que funciona em Santo André, no ABC, desde julho de 2010, e similar ao projeto “Meu vizinho está de olho”, implementado por moradores da Vila Romana, zona oeste da capital, em março de 2009.
“O programa Vizinhança Solidária deu ótimos resultados no ABC e agora vamos trazer para a capital. Acho que será muito bom porque um vai ajudando o outro, e o vizinho contribui para a segurança do bairro todo”, opinou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Joaquim Saraiva de Almeida.
Em Santo André, o projeto começou em bairros centrais há dois anos. Os moradores participam de reuniões com a polícia e instalam placas nos postes. Cada placa tem a figura de um bandido sob o sinal de proibido e dizeres como “área vigiada pela comunidade” e “comunicamos toda atitude suspeita imediatamente à polícia”. Hoje, há 210 placas indicativas, em 13 bairros da cidade.
“Bandidos tentaram invadir minha escola de inglês recentemente, de madrugada. Um vizinho acionou a PM, os policiais chegaram e botaram os criminosos para correr. Só fiquei sabendo no dia seguinte e nada foi roubado”, disse a empresária Regina Guirelli, uma das responsáveis pela instalação do programa no município. A inspiração, segundo ela, veio de países como o Japão.
Cada placa tem um tutor, que fica responsável por conscientizar a vizinhança. “A ideia é que todos se voltem para os vizinhos, que saibam dos hábitos de cada um e sejam avisados, por exemplo, quando um deles viaja. Trocamos os contatos. Temos os celulares dos participantes”, explica.
Hoje á tarde, as associações que representam bares e restaurantes da capital voltam a se reunir com a Secretaria Estadual de Segurança Pública. A adaptação do programa à realidade de São Paulo é um dos assuntos a ser debatido.
“Moradores e proprietários de estabelecimentos comerciais podem cadastrar seus imóveis numa unidade da polícia. Eles vão ceder nome, telefone, dados de identificação e colocar na frente desses imóveis ou estabelecimentos a identificação do Vizinhança Solidária”, explicou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Roberval Ferreira França, que, até abril, comandava a PM do ABC.
Exagero
Proprietários de bares restaurantes ficaram satisfeitos com o resultado da reunião de ontem, mesmo que tenham que arcar com os custos de parte das medidas que foram anunciadas. “Não é tão caro instalar um holofote ou uma câmera na fachada. E muitas casas já têm seguranças ou porteiros. São coisas que já recomendávamos a nossos associados”, afirmou o presidente da Abrasel.
Especialista em segurança pública, o coronel da reserva José Vicente da Silva diz que as medidas são sensatas, mas houve alguns exageros. “Foi uma resposta à grita da mídia. Em uma cidade que tem 400 a 500 assaltos por dia, ter um ou dois arrastões por semana é pouco”, disse. “É muito mais arriscado ser assaltado ao pegar um carro na rua para ir ao restaurante do que ao frequentá-lo.” 
Edison Veiga, Pedro da Rocha, Tiago Dantas e William Cardoso
Fonte: Estadão

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