O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM) deverá entrar com recurso para tentar anular a decisão, uma vez que, segundo o promotor do caso, Ednaldo Medeiros, ela vai contra as provas visuais
Os dois soldados da Polícia Militar do Amazonas que atirararam em um adolescente em agosto de 2010 foram absolvidos após julgamento que durou 13 horas, em Manaus. O Ministério Público anunciou que irá entrar com recurso para reverter a decisão.
Os policiais estavam presos no Batalhão da Polícia Militar há um ano e quatro meses, com os outros três suspeitos do crime. O PM André Luiz Castilhos Campos era acusado de tentativa de homicídio qualificado e coautoria de roubo qualificado. Já o policial Rosivaldo de Souza Ferreira era acusado de comunicação falsa de crime, coautoria de tentativa de homicídio qualificado e coautoria de roubo qualificado.
De acordo com o juiz Mauro Antony, da 3ª Vara do Tribunal do Júri Popular do Estado do Amazonas, os jurados absolveram os réus após responderem três perguntas. Primeiramente pela principal acusação (se houve disparo de arma de fogo contra o adolescente) e, em seguida, das acusações de coautoria de roubo e falsificação de Boletim de Ocorrência.
Ainda durante o veredito, o advogado de defesa Glen Wilde solicitou a liberdade provisória de outros dois réus clientes dele. São eles Alexandre Souza dos Santos e Marcos Teixeira de Lima. O juiz que presidiu o julgamento disse que irá analisar a situação.
O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM) deverá entrar com recurso para tentar anular a decisão, uma vez que, segundo o promotor do caso, Ednaldo Medeiros, ela vai contra as provas visuais.
Durante o julgamento, apenas familiares e amigos dos réus estavam presentes. Após o anúncio oficial, todos comemoraram a decisão do júri popular.
Em entrevista, a mãe do PM André Castilho, Marisa Castilho, de 55 anos, disse estar magoada com as acusações feitas contra o filho. “Ele ficou preso 1 ano e 4 meses injustamente. Quero saber quem vai dar a ele agora os momentos perdidos. Meu filho estava excluído da sociedade”, disse a comerciante.
O crime ocorreu em 17 de agosto de 2010. Em um vídeo de uma câmera de segurança particular, sete policiais militares aparecem atirando em um adolescente de 14 anos no bairro Amazonino Mendes, Zona Leste de Manaus. Nas imagens, um dos PMs armado, mais tarde identificado como André Luiz Castilhos Campos, agride, ameaça e atira por cinco vezes no tórax do jovem. A ação acontece na presença de outros policiais militares.
De acordo com o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM), o adolescente não possuía antecedentes criminais. Na noite do crime, ele teria ido a casa da namorada e a uma lan house, e foi abordado por oficiais quando voltava para casa.
Para o responsável pelo caso na época, promotor de justiça João Bosco Sá Valente, os policiais tinham a intenção de matar o jovem. “Se você atira no calcanhar, isso indica que você não queria matar. Você atira no peito, dá cinco tiros, e não quer matar? É indefensável a história deles. Eles queriam matar”, afirmou.
O então secretário de Segurança Pública do Estado na época, Zulmar Pimentel, anunciou o afastamento e a detenção administrativa de seis dos sete policiais envolvidos no batalhão da Polícia Militar, na Zona Centro-Sul da capital. Em março do ano passado, a Justiça decretou a prisão preventiva dos sete policiais.
Fonte: Programatismo Politico
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