Bando da Rocinha fez 30 reféns para fugir de policiais e trocou tiros pelas ruas da zona sul. Entre os 10 criminosos está o braço direito do traficante Nem
O episódio que marcou o anúncio de uma ocupação policial na Rocinha foi a invasão do Hotel Intercontinental, em São Conrado, depois de um tiroteio entre policiais militares e um ‘bonde’ de traficantes. Dez bandidos foram presos em flagrante, depois de fazerem 30 reféns, entre funcionários e hóspedes do hotel, na manhã de 21 de agosto de 2010. Desde maio, no entanto, a quadrilha está em liberdade, a partir de um habeas corpus expedido pela 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
Os responsáveis pela manhã de terror no bairro de São Conrado – Vinícius Gomes da Silva, Victor Gomes Eloi, Washington de Jesus Andrade da Paz, Rogério Avelino da Silva, Davi Gomes de Oliveira, Ítalo de Jesus Campos (Perninha), Jackson Nascimento Gomes da Silva, Técio Matias da Silva, Alan Francisco da Silva e um menor de idade – foram beneficiados por uma decisão unânime de três desembargadores.
A chegada da UPP à Rocinha é um sinal importante para os moradores. Mas pelas vielas a população sabe que a transformação naquele pedaço do Rio de Janeiro não é tão rápida nem tão simples como em favelas hoje frequentadas por turistas, como Dona Marta, Babilônia e Chapéu Mangueira. Apesar de o chefão do crime Antônio Bonfim Lopes, o Nem, estar preso desde novembro de 2011, os tentáculos do tráfico vão longe.
Para as autoridades de segurança, além da resistência do tráfico, a Rocinha tem como complicados sua localização. Qualquer ação fora de controle naquele território tem impacto imediato na vida de grande parte da zona sul do Rio. A entrada da Rocinha fica à beira da auto-estrada Lagoa-Barra, a poucos metros da embocadura do Túnel Dois Irmãos, que liga os bairros de São Conrado e Leblon. Do outro lado da pista está o são Conrado Fashion Mall, ponto de lojas de alto luxo, e alguns condomínios de alto padrão.
O crescimento da favela em direção à mata criou, entre as encostas de São Conrado e da Gávea – do outro lado do morro – um território pelo qual traficantes se acostumaram a passear. Com a ocupação policial, o problema foi reduzido, mas a proximidade com a Rocinha passou a preocupar também o outro lado da zona sul. Foi esse o caminho de fuga de parte dos traficantes quando, em novembro de 2011, a polícia começou a tomar a favela.
Na inauguração da UPP, nesta quinta-feira, o governador Sérgio Cabral reforçou o papel estratégico da ocupação da favela. "Nós não temos nenhuma ilusão. A Rocinha fica em uma posição privilegiada para o poder paralelo, do ponto de vista da venda de drogas. Está próxima do maior PIB da cidade do Rio de Janeiro. Portanto, essa disputa de território que nós conquistamos tem que estar permanentemente em alerta, atenta. Contamos, para isso, com o apoio esmagador da população", disse.
Fonte: Veja
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