terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Presos por causa de incêndio em Santa Maria (RS) ocupam celas individuais e não se encontram


As quatro pessoas presas temporariamente por causa do incêndio na boate Kiss, que deixou pelo menos 239 mortos em Santa Maria (RS), ocupam celas individuais de seis metros quadrados e não se encontram durante o banho de sol diário a que têm direito.

OS PERSONAGENS DA TRAGÉDIA

Os donos
Mauro Hoffmann, 47, e Elissandro Spohr, o Kiko, 29, são os donos da casa noturna Kiss, onde aconteceu o incêndio que matou até agora 237 pessoas no dia 27 de janeiro. Eles são suspeitos de manter a boate sem plano contra incêndio adequado, com saídas de emergência insuficientes e equipamento, como extintores, defasados. Também é possível que o local estivesse superlotado. Ambos estão presos
A banda
A Gurizada Fandangueira se apresentava na boate na hora da tragédia. A suspeita para o início do incêndio é o uso de um sinalizador, inapropriado para um show fechado, durante a apresentação. A banda diz que sempre utilizou esse tipo de pirotecnia e alegam pane elétrica como causadora do fogo. O vocalista, Marcelo Santos, e o produtor Luciano Bonilha Leão estão presos. O gaiteiro Danilo Jaques, 30, morreu no incêndio
O delegado
O delegado regional Marcelo Arigony chefia a investigação. Ele, que também é professor de direito e perdeu alunos e uma prima de 18 anos na tragédia, já afirmou que a espuma usada como isolamento acústico na boate foi a grande vilã do incêndio e que a casa havia feito reformas "ao arrepio de qualquer fiscalização, por conta e risco dos proprietários"
Responsável pelo primeiro alvará
O então major Daniel da Silva Adriano, do Corpo de Bombeiros, assinou, em 2009, o alvará de prevenção e proteção contra incêndio da boate, válido por um ano. Foi esse documento que permitiu a abertura da casa
Responsável pela renovação do alvará
O capitão Alex da Rocha Camillo assinou a renovação do documento, em 2011. Segundo o registro, o local "foi inspecionado e aprovado, de acordo com a legislação vigente"
O prefeito
Cezar Schirmer (PMDB) foi reeleito prefeito de Santa Maria em 2012. O político vive um embate com o governo estadual, do petista Tarso Genro, responsável pelos bombeiros. O prefeito afirma que a prefeitura local não tem culpa pela tragédia e a aponta os bombeiros como responsáveis pela falta de fiscalização do sistema de combate a incêndios
O empresário Mauro Hoffmann e os músicos Antônio de Jesus dos Santos e Marcelo Bonilha estão detidos provisoriamente na Penitenciária Estadual de Santa Maria desde o dia 28 de janeiro.
O empresário Elissandro Spohr, o Kiko, se juntou a eles no dia 5 de fevereiro, depois de receber alta de um hospital de Cruz Alta (RS).
O presídio é um dos mais modernos do Rio Grande do Sul e foi inaugurado há dois anos.
Apesar de ter capacidade para abrigar 760 detentos, a população carcerária da unidade é de 526 presos --a maioria cumprindo pena por crimes leves. A unidade fica localizada a 15 quilômetros do centro de Santa Maria.
As oito galerias agrupadas em dois pavilhões têm 125 celas, normalmente ocupadas por seis detentos.
Como o caso ganhou repercussão até mesmo dentro do presídio, foi necessário isolar os suspeitos dos outros presos para evitar represálias.
"Tem que fazer uma equação diária aqui para garantir banho de sol individual de uma hora para cada um deles. Por enquanto não tivemos problemas", afirma o administrador substituto da penitenciária, Márcio Cleber Dutra.
O administrador negou que os suspeitos durmam em colchões no chão. "As celas são bem equipadas e os equipamentos são novos. Todas têm camas e colchões novos, ninguém dorme no chão", disse Dutra.
O advogado de Kiko Spohr, Jader Marques, afirmou que seu cliente dormia no chão e que dividia a cela com um homem de 55 anos acusado de furto.
A rotina dos quatro suspeitos, que têm previsão provisória decretada até o dia 2 de março, é similar a dos presos comuns.
Eles ocupam celas no módulo 2 da penitenciária, reservada a réus primários, de primeira entrada em penitenciárias, e a presos temporários. Devido à necessidade de rodízio no banho de sol, o horário varia diariamente.
Além do banho de sol, os quatro têm direito a receber visitas duas vezes por semana.
Dutra disse que todos recebem parentes diretos, de primeiro grau, regularmente. Os presos também podem receber alimentação especial e têm acesso a livros, revistas e aparelho de televisão. Computadores não são permitidos.
Segundo o administrador da penitenciária, os suspeitos apresentam um estado geral considerado satisfatório.
Uma vez por semana são examinados na enfermaria da unidade. Dutra disse que o mais "abatido" dos quatro é Spohr, único dos dois sócios do empreendimento que estava na boate na noite da tragédia.
A luz das celas é desligada às 22h. Os quatro suspeitos já tentaram obter um habeas corpus duas vezes, mas os pedidos foram negados pela Justiça.
uol

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