Entomologia é o ramo da ciência que estuda os insetos enquadrados no grupo dos Arthropoda, na Classe Insecta. Pesquisas feitas por entomólogos abordam várias áreas da Biologia, como evolução, ecologia, comportamento, anatomia, fisiologia, bioquímica e genética.A Entomologia Forense fundamenta-se no estudo dos insetos e outros artrópodes ligados a processos criminais. Neste caso os insetos servem como indicativo nas investigações de crimes violentos e auxiliam na determinação da causa, do local e do intervalo da morte(IPM), pois representam a fauna cadavérica composta por larvas e adultos em seus diferentes estágios de desenvolvimento. E, nessa parceria, os insetos são os aliados da lei. A associação é vantajosa, pois os insetos oferecem facilidade em seu estudo no laboratório, pelo tempo curto para o surgimento de novas gerações e o nascimento de grande quantidade de descendentes em cada postura. Pode-se contar ainda, com o fato de sua manipulação experimental ter uma pequena preocupação ética.
A literatura é carente de estudos sobre insetos que compõe a fauna em cadáveres no estado de São Paulo. Tendo em vista esse fato, esse trabalho propôs realizar um estudo entomológico prático dos insetos que colonizam um corpo em decomposição quando abandonado no ambiente.Para tanto foram verificadas as espécies de Calliphoridae que são os primeiros a habitar o corpo e logo após a decomposição encontra-se os coleópteros que participam do estágio final.
Este trabalho poderá elucidar a composição da fauna cadavérica em uma região rural do Estado de São Paulo, em condições ambientais definidas como temperatura e umidade, constituindo-se assim em uma descrição de mumificação da cabeça do animal, com apenas quatorze dias de experimento, mostrando que temperatura e umidade influenciam no resultado da estimativa pós-morte.
Histórico da Entomologia Forense
O primeiro relato do envolvimento de insetos em morte, com esta abordagem ocorreu no final do século XIII quando SungTz’u, um advogado chinês, escreveu um livro com ensinamentos de como examinar um cadáver e determinar sua causa mortis. Ele relatou um homicídio realizado com um objeto cortante (uma foice) que só foi encontrado pelos investigadores porque moscas sobrevoavam-no, possivelmente atraídas pelos odores exalados pelos restos de líquidos orgânicos aderidos em sua superfície e imperceptíveis a olho nu.
Hermann Reinhard, médico alemão, na década de 1880 exumou cadáveres e mostrou o desenvolvimento de várias espécies de insetos em corpos enterrados; deste modo, coletou várias moscas Phoridae.Já Bergeret d’Arbois, na mesma década, foi o primeiro a estimar o intervalo pós-morte de um indivíduo.Em 1887, Jean Pierre Mégnin publicou os dois livros mais importantes da história da entomologia forense, Faune dês Tombeauxe La Faune dês Cadevres, nos quais descreveu a fauna e a flora da putrefação.
Estudos dessa natureza tiveram início no Brasil, em 1908, com os primeiros trabalhos desenvolvidos por Edgard Roquette Pinto (RJ) e Oscar Freire (BA). Baseados em estudos de casos em humanos e animais, eles registraram a diversidade da fauna de insetos necrófagos nas regiões da Mata Atlântica (primeira coleção de insetos necrófagos), de forma sistemática e por intermédio de métodos adequados às condições locais do Brasil.
Entre 1911 e 1941, Herman Luderwaldt, Samuel Pessoa e Frederico Lane descreveram os besouros escarabeídeos necrófagos do estado de São Paulo e Belfort de Mattos, em 1919, publicou um trabalho sobre os sarcofagídeos de São Paulo.A partir daí, diversos trabalhos sobre entomologia forense foram publicados,no entanto, sua consolidação no Brasil ainda depende da interação dos trabalhos acadêmicos coma polícia judiciária.
Referências
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Renata Ribeiro Stamato
Bióloga em formação (2015) pelo Centro Universitário Barão de Mauá
Atualmente trabalhando no IPEBJ em Ribeirão Preto.
Coordenadora do Laboratório de Entomologia Forense do IPEBJ de Ribeirão Preto.
Professora de Biologia no Estado nos anos de 2012,2013,2014
Colaboradora: Ariadne Costa
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