Segundo o novo chefe da corporação, transferência deve ocorrer em até 30 dias e será arma contra policiais bandidos
O novo comandante-geral da Polícia Militar, Roberval Ferreira França, afirmou nesta quarta-feira, 25, que pretende mandar para presídios comuns, em até 30 dias, 28% dos policiais presos atualmente no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte. A intenção é mandar um recado à tropa de que associação de policiais com crime organizado não será tolerada.
No domingo, o Estado mostrou que alguns policiais atuam como consultores do crime, passando a bandidos informações obtidas na rede da polícia.
Atualmente, o Romão Gomes abriga 197 PMs que cometeram algum tipo de crime ou transgressão ao Código Militar. Eles contam com condição "mais amena e privilegiada", de acordo com o próprio secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.
Segundo Roberval, 56 policiais que estão hoje no Romão Gomes já foram expulsos ou demitidos da corporação por roubo, latrocínio ou tráfico de drogas e, por isso, deverão ser encaminhados para o sistema penitenciário comum. "A PM quer deixar claro para a sociedade e a própria PM que não vai aceitar desvios de conduta", disse. "Se a opção do policial for migrar para o crime, ele deverá ser tratado como criminoso comum."
A transferência dos 56 PMs para presídios comuns é apenas a primeira medida. A intenção da cúpula também é acelerar a expulsão de policiais corruptos, para ficar mais fácil o cumprimento da pena como criminoso comum. Para isso, será necessária alteração na legislação militar.
Proteção. O novo comandante da PM afirmou também que seu maior desafio será o de mudar a mentalidade dos policiais, mostrando que, além da função de controle, há também a de proteção. "É nosso desafio promover uma mudança, uma revolução na cultura da PM e que os policiais sejam de fato vistos como agentes de proteção da sociedade. Vamos dar ênfase na formação, no modelo de operação, nos métodos de trabalho, para que o policial tenha vocação para ser um agente de proteção."
O comandante disse que o policial precisa "virar a chave" após constatar que um cidadão não é suspeito. Segundo ele, em apenas 2% das 12 milhões de abordagens feitas no ano passado o suspeito tinha drogas, armas ou oferecia algum risco. "Precisamos evoluir do estágio de trabalhar muito para o de trabalhar bem."
Fonte:Estadão
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