quarta-feira, 11 de abril de 2012

Para prender suspeitos, PMs fingem aceitar ‘mensalão do tráfico’ no RJ


Sob orientação da Justiça, policiais ganhavam inicialmente R$ 4 mil por mês.
Medida foi fundamental para ação que prendeu 13 e apreendeu 2 menores.


Os quatro policiais militares que motivaram a operação Conexão Mandela, da Polícia Militar e do Ministério Público do Rio de Janeiro, ao denunciarem uma tentativa de suborno de traficantes de Teresópolis, na Região Serrana, receberam um “mensalão” do tráfico durante cerca de quatro meses, sob orientação da Justiça, para poder chegar aos acusados. A informação foi dada em entrevista coletiva concedida no Quartel General da PM, nesta quarta-feira (11).

De acordo com os promotores, a ação controlada – quando uma prisão em flagrante é adiada estrategicamente – foi fundamental para a realização das 13 prisões efetuadas nesta quarta e ainda a apreensão de dois menores. Duas pessoas morreram em troca de tiros com a polícia. Inicialmente, os quatro PMs receberam, juntos, R$ 4 mil por mês. Depois esse valor diminuiu para R$ 2 mil.
As investigações começaram em novembro do ano passado, em Teresópolis, após traficantes tentarem subornar policiais militares para que o tráfico na região não fosse reprimido. O caso foi levado pelos PMs para o Ministério Público.
Na manhã desta quarta-feira (11), a Polícia Militar encontrou um apartamento que servia como motel para traficantes na comunidade do Mandela, no Conjunto de Favelas de Manguinhos, no subúrbio do Rio.
Entre os 15 detidos está o traficante conhecido como Bin Laden, apontado como responsável por distribuir drogas na Região Serrana do Rio. Ele era considerado o principal alvo da operação.
O objetivo da operação que segue em andamento é cumprir 19 mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão. Os denunciados pelo MP são acusados de associação para o tráfico de entorpecentes, corrupção ativa e tráfico de drogas.
Apreensões
Na casa que servia como motel também foi encontrada uma carga de produtos roubados das Casas Bahia muitos deles ainda embalados: uma geladeira, um fogão, uma televisão de 42 polegadas, um home theater e também 13 móveis – entre eles mesa, cadeiras e cama.

Até às 17h, a operação informou que tinha apreendido um fuzil, uma pistola, um revólver e uma réplica de metralhadora. Os agentes também encontraram seis tabletes de maconha, 4.380 papelotes de cocaína, 314 frascos de cheirinho da loló e ainda 300 papelotes de uma droga conhecida como “zirrê”, uma mistura de crack e maconha.
Como a quadrilha funcionava
Segundo o MP, quadrilha é grande. Um traficante da favela da Mandela ia para São Paulo e de lá mandava material para o Rio.

Bin Laden, um dos cabeças e que já está preso, foi quem fez contato com os traficantes do Rio para intimidar PMs em Teresópolis. Para o MP, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) ajudaram na migração dos criminosos.

"A partir do momento em que a repressão do Rio aumenta, eles se movimentam para outras regiões, mas também ficam mais fracos. O Gaeco esta observando isso", disse o promotor Fábio Miguel de Oliveira.

A favela da Mandela distribuía a droga para Teresópolis, Araruama, Rio das Ostras, além de Mangueira, Campo Grande e Duque de Caxias.

Em Campo Grande, uma mulher, conhecida como Jaqueline, era a responsável pela lavagem de dinheiro da quadrilha. Ela também está presa.

Fonte:G1

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