quarta-feira, 15 de outubro de 2014

#MEDICINALEGAL: "ESTRANGULAMENTO".

1. DEFINIÇÃO:

É a asfixia mecânica que ocorre uma constricção do pescoço, que causa embaraço à livre
entrada de ar no aparelho respiratório, feito por meio de um laço acionado pela
força muscular da própria vítima ou estranho.

2. MECANISMO DE AÇÃO:

Há ocorrência da morte:

  •  pelo impedimento da penetração do ar nas vias aéreas;
  •  por morte circulatória devido a compressão dos grandes vasos do pescoço, que conduzem para o cérebro
  •  por morte nervosa por mecanismo reflexo (inibição vagal).

3. LESÕES EXTERNAS:

 O sulco é o elemento capital da sintomatologia externa. Tem sede, em geral, na laringe. Sua
direção é tipicamente horizontal. Raramente se apergaminha, como ocorre no enforcamento, pois,
após a morte cessa em geral a força constrictiva, que concorre para a escoriação da pele e o
aparecimento desse fenômeno.
Este sulco é completo, abrangendo todo o pescoço e reproduz o número de voltas que o laço deu,
 a presença de nós, etc. Sua profundidade é uniforme e os bordos apresentam cor violácea, que
contrasta com a palidez do fundo.

  •  A face dos estrangulados é quase sempre tumefeita, vultuosa e violácea.
  •  A língua geralmente faz saliência exteriormente, sendo encontrada entre os dentes.
  •  A boca pode apresentar espuma esbranquiçada ou branco-sanguinolenta, bem como asnarinas.
  •  Equimoses de pequenas dimensões na face, nas conjuntivas, pescoço e face anterior do tórax.
  •  Otorragia com ou sem ruptura de membrana timpânica.

4. LESÕES INTERNAS:

 Infiltração hemorrágica em tela subcutânea e musculatura subjacente ao sulco.
 Lesões da laringe são excepcionais.
 Lesões das artérias carótidas manifestam-se, macroscopicamente, na túnica íntima, pelos sinais
de Amussat e Lesser (rupturas transversais) e, na túnica adventícia, pelos sinais de Friedberg
(infiltração hemorrágica) e de Etienne Martin (ruptura transversal).
 Rupturas musculares.
 Fraturas e luxações de vértebras cervicais (V e VI de preferência).


5. DIAGNÓSTICO:

O diagnóstico tem permanecido no plano macroscópico da necrópsia através dos sinais gerais de
asfixias em particular, do estudo do pescoço.
O diagnóstico orienta-se pela presença do sulco, impondo-se fazer diagnóstico diferencial com o
sulco do enforcamento.
-Presença do sulco: Sua direção, Nº de voltas, Profundidade, Aspecto.
-Disposição da hipóstase.
-Diferenças com sulcos naturais dos obesos e fetos
-Inexistência de reação vital.

6. PROGNÓSTICO:

Quando um indivíduo é salvo de estrangulamento, temos como complicação: congestão e cianose
da face, disfagia, dor cervical e dificuldade de respirar. Além das perturbações psíquicas, amnésias,
confusão mental etc.

7. NATUREZA JURÍDICA:

- Homicídio. Infanticídio. Como no caso do enforcamento, o fator surpresa e os demais fatores
são importantes.
-Acidente ou acidente do trabalho.
- Suicídio, execução judiciária, tortura. Quanto a esta última, cite-se o “garrote vil” ou torniquete. A
forma mais rudimentar é a que emprega uma corda que vai sendo torcida até que sobrevenha a
morte por asfixia.
O suicídio é raro, mas pode ocorrer, seja por garrote, por peso amarrado num laço e lançado pela
janela, ou ainda qualquer artifício imaginado pelo suicida.

8. PERÍCIA:

No caso do estrangulamento, a perícia assume modalidade essencialmente penal. É feita
normalmente em cadáveres.
A perícia segue a seguinte seqüência:
1. Identificação do Morto.
2. Quantidade, tipo e sede das lesões
No estrangulamento, normalmente, nota-se a presença do sulco, circundando o pescoço. Sulco
que pode ser único ou parcialmente duplo. Além disso, encontra-se outras manifestações decorrentes
do mecanismo de lesão. A identificação é feita seguindo-se a propedêutica semiológica contida no
exame necroscópico.
3. Instrumento ou meio que produziram a lesão
Normalmente, utiliza-se um laço ou algo que o valha.
4. Nexo causal.
5. Tempo de morte.












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