sábado, 21 de julho de 2012

PM revê procedimentos após policiais matarem publicitário


Simulação com instruções sobre a forma correta de abordagem foi filmada e será repassada para batalhões da Região Metropolitana

Familiares acompanham enterro do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, 39 anos, morto pela PM de São Paulo
Familiares acompanham enterro do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, 39 anos, morto pela PM de São Paulo(Diogo Moreira/Frame/Folhapress)
Depois de policiais militares matarem o publicitário Ricardo Prudente de Aquino, de 39 anos, em uma ação desastrosa na noite de quarta-feira em São Paulo, o comando da corporação passou a orientar os batalhões sobre os procedimentos a tomar em casos de abordagem de carros pela frente. A situação foi simulada na sexta-feira no Quartel General da PM, no Bom Retiro, região central. O exercício foi filmado e as orientações serão repassadas aos batalhões da Região Metropolitana.
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Aquino foi baleado na cabeça e morreu durante uma abordagem policial ainda mal explicada, no Alto de Pinheiros, bairro nobre da capital. Imagens de câmeras de segurança mostram uma viatura da polícia parando de frente para o carro do publicitário. O automóvel ficou com quatro furos de bala no vidro dianteiro e um na lataria também na parte da frente.
Depois do erro, oito policiais passaram a tarde de sexta-feira simulando formas de ação em casos como o do publicitário, com a viatura da polícia abordando o carro suspeito pela frente. Policiais que participaram da encenação chegaram a usar um escudo da Força Tática para se aproximar do suspeito. Outro policial, sem farda, manteve um celular na mão o tempo todo - policiais que atiraram no publicitário disseram ter confundido celular com arma. Na simulação, o homem foi convencido a sair do veículo. Depois, foi imobilizado e revistado, assim como o carro. 
O coronel Marcos Roberto Chaves, comandante do Comando de Policiamento da Capital, diz que o procedimento esperado dos policiais quando param um carro suspeito é estacionar a viatura atrás do carro. Se a viatura fechar o carro suspeito, tendo de fazer uma abordagem frontal, o treinamento determina que os PMs esperem a chegada de outra viatura por trás. A abordagem seria feita por este outro carro.
"Por incrível que pareça, a abordagem pela frente até acontece, já aconteceu. Mas foi em circunstância que o agressor não fugiu", disse ele, ao justificar a falta de modelos de ação para a abordagem de frente. "Nesse caso em particular, por qualquer motivo, a abordagem foi feita ao contrário. Então gera um estresse, porque o PM está de frente para o agressor e não sabe do que se trata - porque, se o suspeito fugiu, tem algum motivo para isso. Nesse momento, o policial tem de saber qual é a melhor técnica de abordagem sem fazer uso da arma."
O coronel disse acreditar que a falta desse treinamento específico, o fato de estar de noite e de as luzes do carro de Aquino atrapalharem a visão dos policiais contribuíram para o desfecho trágico. "Tudo isso influenciou. Quando o policial está sob adrenalina, embora ele seja muito treinado, pode ficar em uma situação em que não sabe o que fazer. E ele não pode improvisar, tem de agir sob as técnicas." Por isso, disse ele, será feito esse novo treinamento.
Marina Pinhoni/VEJA
Carro do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, morto a tiros por policiais militares na madrugada desta quinta-feira em São Paulo
Carro do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, morto a tiros por policiais militares
Fonte:Veja

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