Jovem de 23 anos foi liberado após prestar depoimento e, por enquanto, só deve responder por omissão de socorro
Jean-Philip Struck

A avenida Paulista, em São Paulo. Local foi palco de um acidente similar em março (Antonio Milena/AE)
O motorista que bateu em uma moto conduzida por um carteiro, que teve a perna decepada e morreu por causa dos ferimentos, disse à polícia que não foi o culpado pelo acidente. Segundo o advogado André Takashi, que defende o motorista, ele afirmou que a moto trafegava na contramão.
O acidente ocorreu no sábado, às 7h20, na Zona Sul de São Paulo. No choque, o carteiro Gedilson José da Silva, de 40 anos, acabou sofrendo amputação da perna. Ele chegou a ser levado de helicóptero para um hospital, mas acabou morrendo horas depois de passar por uma cirurgia. A perna não foi localizada. A Polícia Civil suspeita que a perna tenha ficado presa no parachoque do carro envolvido no acidente. O motorista do veículo, que tem 23 anos e não teve o nome divulgado, fugiu do local sem prestar socorro.
O advogado do motorista nega a versão, e afirma que seu cliente fugiu porque se sentiu ameaçado por outros motociclistas que passavam pelo local do acidente. “Ele tentou sair do carro, mas o paralama ficou preso na porta e ele não conseguiu abrir a porta. Nesse meio tempo, outras motos começaram a parar. Ele ficou assustado”, disse o advogado Takashi. Segundo ele, seu cliente estava indo para a casa de um amigo para entregar um par de chuteiras.
Demora - Sobre a demora da apresentação do motorista à polícia – o acidente ocorreu no sábado e ele se apresentou apenas na quarta-feira –, Takashi disse que seu cliente ficou “profundamente chocado” e que permaneceu em isolamento. “Ele demorou para contar o que havia acontecido até mesmo para sua família. Ele não tinha condições psicológicas”, disse.
De acordo com a polícia, o motorista foi identificado com a ajuda de testemunhas, que anotaram a placa do carro. Após a identificação, a polícia contatou o motorista, que finalmente concordou em se apresentar. Ele prestou depoimento em uma delegacia na tarde de quarta-feira e foi liberado.
De acordo com o delegado Júlio César Teixeira, do 72° DP, ele deverá ser inicialmente indiciado por omissão de socorro e fuga do local do acidente. O caso chegou a ser registrado como lesão corporal culposa, mas, segundo o delegado, essa acusação só deve ser incluída no inquérito se os laudos apontarem que o motorista foi o responsável pelo acidente.
Avenida Paulista - Um outro caso de atropelamento, amputação e fuga, causou comoção em março na capital paulista. O limpador de vidraças David Santos Sousa, de 21 anos, foi atropelado na Avenida Paulista pelo estudante de psicologia Alex Siwek, também de 21 anos, no dia 10 daquele mês.
A vítima pedalava para o trabalho de manhã numa ciclofaixa demarcada por cones quando foi atingida pelo carro do estudante. O braço de David foi decepado e ficou preso dentro do carro de Siwek, que não prestou socorro e fugiu. Em seguida, após deixar um amigo em casa, Siwek jogou o membro em um córrego.
Testemunhas afirmaram que o universitário dirigia em ziguezague e que teria derrubado alguns dos cones da faixa de ciclistas. No boletim de ocorrência consta que Siwek apresentava sinais de embriaguez. Preso após se entregar à polícia, ele permaneceu detido por onze dias. O limpador de janelas chegou a ficar internado por quinze dias e recebeu alta no dia 25 de março.
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