quinta-feira, 25 de abril de 2013

Motorista diz que carteiro que perdeu perna dirigia na contramão


Jovem de 23 anos foi liberado após prestar depoimento e, por enquanto, só deve responder por omissão de socorro

Jean-Philip Struck
Avenida Paulista
A avenida Paulista, em São Paulo. Local foi palco de um acidente similar em março (Antonio Milena/AE)
O motorista que bateu em uma moto conduzida por um carteiro, que teve a perna decepada e morreu por causa dos ferimentos, disse à polícia que não foi o culpado pelo acidente. Segundo o advogado André Takashi, que defende o motorista, ele afirmou que a moto trafegava na contramão.
O acidente ocorreu no sábado, às 7h20, na Zona Sul de São Paulo. No choque, o carteiro Gedilson José da Silva, de 40 anos, acabou sofrendo amputação da perna. Ele chegou a ser levado de helicóptero para um hospital, mas acabou morrendo horas depois de passar por uma cirurgia. A perna não foi localizada. A Polícia Civil suspeita que a perna tenha ficado presa no parachoque do carro envolvido no acidente. O motorista do veículo, que tem 23 anos e não teve o nome divulgado, fugiu do local sem prestar socorro. 
O advogado do motorista nega a versão, e afirma que seu cliente fugiu porque se sentiu ameaçado por outros motociclistas que passavam pelo local do acidente. “Ele tentou sair do carro, mas o paralama ficou preso na porta e ele não conseguiu abrir a porta. Nesse meio tempo, outras motos começaram a parar. Ele ficou assustado”, disse o advogado Takashi. Segundo ele, seu cliente estava indo para a casa de um amigo para entregar um par de chuteiras.
Demora - Sobre a demora da apresentação do motorista à polícia – o acidente ocorreu no sábado e ele se apresentou apenas na quarta-feira –, Takashi disse que seu cliente ficou “profundamente chocado”  e que permaneceu em isolamento. “Ele demorou para contar o que havia acontecido até mesmo para sua família. Ele não tinha condições psicológicas”, disse. 
De acordo com a polícia, o motorista foi identificado com a ajuda de testemunhas, que anotaram a placa do carro. Após a identificação, a polícia contatou o motorista, que finalmente concordou em se apresentar. Ele prestou depoimento em uma delegacia na tarde de quarta-feira e foi liberado.
De acordo com o delegado Júlio César Teixeira, do 72° DP, ele deverá ser inicialmente indiciado por omissão de socorro e fuga do local do acidente. O caso chegou a ser registrado como lesão corporal culposa, mas, segundo o delegado, essa acusação só deve ser incluída no inquérito se os laudos apontarem que o motorista foi o responsável pelo acidente. 
Avenida Paulista - Um outro caso de atropelamento, amputação e fuga, causou comoção em março na capital paulista. O limpador de vidraças David Santos Sousa, de 21 anos, foi atropelado na Avenida Paulista pelo estudante de psicologia Alex Siwek, também de 21 anos, no dia 10 daquele mês.
A vítima pedalava para o trabalho de manhã numa ciclofaixa demarcada por cones quando foi atingida pelo carro do estudante. O braço de David foi decepado e ficou preso dentro do carro de Siwek, que não prestou socorro e fugiu. Em seguida, após deixar um amigo em casa, Siwek jogou o membro em um córrego.
Testemunhas afirmaram que o universitário dirigia em ziguezague e que teria derrubado alguns dos cones da faixa de ciclistas. No boletim de ocorrência consta que Siwek apresentava sinais de embriaguez. Preso após se entregar à polícia, ele permaneceu detido por onze dias. O limpador de janelas chegou a ficar internado por quinze dias e recebeu alta no dia 25 de março.

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