terça-feira, 7 de maio de 2013

Após suspeita de regalias, família de estudante morto no Guarujá (SP) por R$ 7 pede transferência de acusados


A família do estudante campineiro Mário dos Santos Sampaio, de 22 anos, morto a facadas na véspera do Ano Novo após uma briga após divergência de R$ 7 na conta de um restaurante do Guarujá (95 km de São Paulo) entrou com pedido de providências para a transferência imediata dos presos para um Centro de Detenção Provisória (CDP).
A petição foi protocolada no fórum da cidade litorânea, no fim do mês passado, depois que a família recebeu denúncias de que o proprietário da churrascaria, José Adão Pereira Passos, e o filho dele, Diego Souza Passos, que respondem pelo assassinato do jovem, estariam recebendo regalias na cadeia anexa ao 1º Distrito Policial do município.
Segundo a mãe do estudante, Maria Helena dos Santos Sampaio, em menos de um mês, ao menos três parentes de outros presos e pessoas que se comoveram com a morte de Sampaio ligaram para denunciar que os suspeitos estão sendo beneficiados com a ajuda de um carcereiro.

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"Eles dizem que a mulher do José Adão, que também é mãe de Diego, leva almoço e janta para os dois e os vista na hora em que ela quer. Isso é um absurdo. A prisão deles é preventiva, eles já deviam estar em um CDP (presídio). Enquanto ela pode ver o marido e o filho quando quer, pra mim está cada dia mais difícil. Será meu primeiro Dia das Mães sem meu filho", disse Maria Helena.
O advogado da família, Antônio Gonzalez dos Santos Filho, informou ao UOL que depois que a prisão preventiva é decretada, geralmente a transferência acontece em no máximo 30 dias, mas eles estão há quase quatro meses presos na cadeia anexa ao DP. A reportagem entrou em contato com a delegacia e constatou que os dois continuam na cadeia. Um funcionário que preferiu não se identificar afirmou que um carcereiro está facilitando a vida dos suspeitos.

Nenhuma reclamação

Já o delegado titular do 1° Distrito Policial do Guarujá, Sérgio Lemos Nassur, negou que os presos recebam qualquer tipo de regalia na cadeia. Segundo o delegado, todos os presos têm visitas uma vez por semana. "Mensalmente, é realizada uma correição com a juíza corregedora da Comarca do Guarujá e representante do Ministério Público com acesso direto e reservado aos presos, não sendo relatada qualquer reclamação."
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que os dois já deveriam ter sido transferidos, mas que isso ainda não aconteceu por questões de segurança. "Os dois presos provisórios citados permanecem na cadeia por questões de segurança e preservação da integridade física", diz a nota.
O inquérito sobre o caso foi concluído, e a Justiça aceitou denúncia contra os três envolvidos - o proprietário da churrascaria, José Adão Pereira Passos, o filho dele, Diego Souza Passos, além do garçom Robson Jesus de Lima - por homicídio qualificado. Eles já são réus no processo. Segundo o inquérito policial, José Adão foi o responsável pelas três facadas, enquanto Diego Passos e o funcionário do restaurante são acusados de agredir e segurar o estudante no momento da briga. O garçom continua foragido.
Procurado pelo UOL, o advogado que representa José Adão Passos e o filho dele, Luiz Carlos Justinonão foi encontrado. Em janeiro deste ano, após prestar depoimento à polícia, o dono do restaurante confessou o crime. "Eu não queria matar ninguém. Só queria furar um pouquinho, para ele soltar o meu filho", disse.

O caso

Sampaio foi morto a facadas na véspera do Ano Novo por José Adão Pereira Passos, 55, dono do restaurante onde havia feito uma refeição com a namorada e alguns amigos. Eles passariam a virada de ano na praia. Após o estudante discordar do valor da conta (uma diferença de R$ 7), uma discussão entre Sampaio, o dono do restaurante, o filho dele e o garçom foi iniciada dentro do estabelecimento.
Depois de toda a confusão, segundo a polícia, o dono do restaurante foi à cozinha, voltou com a faca e golpeou Sampaio. José Adão foi preso nove dias após o crime. De acordo com a polícia, o suspeito escondeu provas, intimidou testemunhas e atrapalhou a investigação. Diego, o filho dele, foi preso no dia 15 de janeiro. O garçom continua foragido.
uol

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