Ladrão de residência, deficiente físico vai três vezes no local do roubo para subtrair pertences. Ele pulou muro e fugiu de policiais. Militares apreenderam muletas
DIÁRIO DA MANHÃ
LEANDRO ARANTES
Mesmo com apenas uma perna, Ideglan Ribeiro Alves, suspeito de furtar uma casa no Jardim Riviera, em Aparecida de Goiânia, conseguiu fugir de oito policiais militares. O crime aconteceu no dia 23 de maio, toda ação foi gravada pelas câmeras de segurança instaladas na residência e o criminoso continua foragido.
O ladrão aproveitou o momento em que os donos da casa estavam no trabalho para cometer o crime. Ele parou de moto na frente da casa e, ao notar que não havia ninguém no local, saiu e, minutos depois, voltou com um comparsa. Eles arrombaram a porta e encheram as sacolas com os pertences das vítimas. Além de roupas e calçados, levaram também todos os equipamentos eletrônicos da casa, como TV, DVD, videogame, som, câmera fotográfica, monitor do computador, entre outros.
Por estar de moto, a dupla não conseguiu levar todos os objetos furtados de uma só vez, agindo com muita tranquilidade, deram duas viagens, deixando a residência sem todo o equipamento eletroeletrônico. A dona da casa, Kenny Rose Carolina, disse estar revoltada com o acontecido. “Minha casa ficou quase vazia, só não levaram a CPU do computador porque estava presa com cadeado”, afirma.
Kenny conta que, depois do furto, saiu com alguns amigos procurando informações sobre algum homem que só tinha uma perna e que andava de moto. “Um amigo me disse que conhecia alguém com essas características no Jardim Tiradentes (em Aparecida de Goiânia), e me levou até a casa dele. Quando chegamos lá, vi que a moto e o capacete eram os mesmos que apareciam nas filmagens”, comenta.
A vítima, então, acionou a polícia, que encaminhou três equipes ao local. Quando chegaram à residência do suspeito, Kenny e o esposo aguardaram no carro enquanto os policiais realizavam a operação. Mas, mesmo com apenas uma perna, Ideglan pulou os muros da casa e fugiu da polícia. “Ele estava lá e os oito policiais deixaram ele fugir”, reclama a vítima.
O comandante major Lima Barros confirmou que, após a vítima acionar a Polícia Militar, o oficial, que estava em serviço, foi ao local com mais duas equipes. “Houve mesmo essa situação. O indivíduo, mesmo sem uma perna, conseguiu fugir pulando os muros da residência. Os policiais conseguiram apreender a moto, que estava sendo usada para cometer os furtos, e as muletas do suspeito”.
Lima Barros fala que “os policiais chegaram ao local sem saber que se tratava de um aleijado”, e enquanto a esposa do suspeito se preparava para abrir o portão, ele fugiu pelos fundos. “Mas se ele consegue pular vários muros, é destreza dele. A realidade é essa, aleijado ou não, ele conseguiu fugir”, afirma.
O comandante conta que Ideglan já é conhecido do serviço de inteligência da PM, pois ele já foi preso outras vezes, acusado de cometer furtos e roubos. Mas continua nas ruas devido à morosidade da legislação brasileira. “Ele está solto porque todos os dias a PM prende e todos os dias eles são soltos. Infelizmente essa é a legislação que nós temos”, reclama.
Kenny Rose conta que, em 8 meses, essa é a 4ª vez que sua residência foi furtada. “Uma vez arrombaram a janela, outra vez fizeram um buraco na parede, a porta também já foi arrombada. Já soldamos barras de ferro nas portas e janelas, mas nada resolveu”. Ela diz que depois dos outros furtos tiveram que comprar equipamentos novos à prestação, e ainda estão pagando a TV que foi levada pelos ladrões. “Na verdade, metade das coisas que eles levaram ainda estamos pagando”, lamenta.
De acordo com a dona da casa, depois de serem vítimas dos furtos pela terceira vez, decidiram aumentar ainda mais a segurança, além das barras de ferro nas portas, colocaram câmeras e alarme. “Das outras vezes a gente não tinha câmera, então instalamos o equipamento, mas isso não adiantou nada, dessa vez eles levaram mais coisas ainda”, se queixa.
Depois de todos esses furtos, Kenny fala que não conseguem mais morar no local. “A gente agora quer sair daqui”. Ela diz que vão deixar a casa para morar de aluguel em outro lugar. “A minha sensação é de revolta, é de alguém que trabalha 30 dias por mês para comprar as coisas para alguém entrar em casa e levar tudo. Eu não estou conseguindo mais comer direito, não durmo direito, nem trabalhar eu consigo, pois fico o tempo todo pensando no que aconteceu”, desabafa.
O major Lima fala que deu ordens para que os policiais, caso encontrem o suspeito, mesmo não caracterizando mais como flagrante, efetuem a prisão e o levem para a delegacia. “Se ele for encontrado, o delegado pode conseguir uma forma de mantê-lo preso, mas por não ser flagrante, pode ser solto novamente”, relata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário