quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

SUICÍDIO O SILÊNCIO QUE MATA

Resultado de imagem para suicidio




Uma morte a cada 40 segundos no mundo. São os dados do suicídio, divulgados pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. Alarmante e quase imperceptível, o suicídio e as tentativas de suicídio, ainda, são tabus e pouco falados, tanto na grande mídia, como dentro da própria sociedade.






O que mais chama a atenção é que, em grande parte dos casos de suicídio e tentativas de suicídio, a pessoa passa por isso sozinha, calada. E os motivos deste silêncio se evidenciam quando uma parte da população vê este problema como um estigma (doença), ou seja, acredita que o suicídio esteja ligado a transtornos mentais e deixam passar.





Após os suicídios na Faculdade FAMINAS (BH) de estudantes de Medicina, alguns poucos focos colocaram à tona algo já vivenciado em várias faculdades do Brasil, não apenas no curso de Medicina.





O relato de uma das estudantes da FAMINAS revela abandono e desrespeito aos alunos. De acordo com a aluna, as tentativas de suicídio e as mortes ocorridas em, apenas, 4 meses, expõem um problema da própria instituição, a qual não orienta de forma adequada os alunos. E sim, o ambiente pode ser bem hostil e massacrante (Fonte: http://bhaz.com.br/2017/11/29/aluna-medicina-faminas-suicidios/).





Informações da Organização Pan-Americana de Saúde/OMS revelam que segundo dados da ONU (2012), mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo todo, é a principal causa de morte entre jovens com idade de 15 a 29 anos (Fonte: https://nacoesunidas.org/oms-suicidio-e-responsavel-por-uma-morte-a-cada-40-segundos-no-mundo/).





O ato de atentar contra a própria vida, em si, não é crime. De acordo com o Código Penal, Título I (Dos Crimes Contra a Pessoa), Capítulo I (Dos Crimes Contra a Vida), art. 122, o induzimento, a instigação ou o auxílio a suicídio é crime. As penas variam de reclusão de 2 a 6 anos, se o suicídio se consuma, e reclusão de 1 a 3 anos, se da tentativa resulta lesão corporal de natureza grave.





Portanto, incentivar, ou criar a ideia suicida no outro, ou prestar auxílio de alguma forma a alguém que queira cometer o ato, constitui-se como infração penal.





Ainda conforme a OMS, a prevenção não é tratada de forma adequada, várias políticas devem ser promovidas. Isso devido à falta de consciência do suicídio, o que o torna um grave problema de saúde pública. O suicídio deve ser discutido abertamente, para que a pessoas que estejam passando por isso possam se sentir confortáveis e este quadro seja evitado.





Como alerta o Ministério da Saúde, no Brasil o suicídio é a quarta maior causa de morte entre os jovens. Além disso, ficou evidenciado por um estudo do Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) que a “existência de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) reduz em 14% o risco de suicídio, mas essas instituições estão presentes em apenas 2463 dos quase 6 mil municípios brasileiros”, ou seja, o acompanhamento e atenção a este tema são essenciais para o combate e a prevenção do suicídio (Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2017/09/numero-de-suicidios-aumentou-12-no-brasil-mostra-ministerio-da-saude.html).





No que se refere às faculdades, é dever da instituição fomentar os debates e conversas com os psicólogos, promover estes encontros e entender que cada aluno possui sua individualidade acadêmica e pessoal. Falta nas universidades o cuidado em entender que a exaustão dos alunos deve ser evitada, o equilíbrio mental e emocional deveria ser uma matéria da grade, abordada diariamente e presente em cada discurso.





Estima-se que 41% dos estudantes de Medicina apresentam sintomas depressivos no país, e isso é um dos motivadores do suicídio (não unicamente a depressão, vários podem ser os fatores), de acordo com o site Hoje em Dia.





Tese de doutorado apresentada neste ano, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), mostra que uma parcela considerável dos futuros médicos, de todos os períodos, sofre com sintomas como cansaço, culpa, irritabilidade, tristeza, dentre outros.


Fonte: http://hojeemdia.com.br/horizontes/pesquisa-revela-que-41-dos-alunos-de-medicina-no-pa%C3%ADs-sofrem-de-depress%C3%A3o-1.577820





Falar sobre o suicídio é necessário. O silêncio daqueles que tentam suicídio, ou chegam ao resultado é o que permite que o ato aconteça. A mudança de comportamento, frases que alertam (as pessoas que querem cometer suicídio podem falar sobre isso, e não é para chamar a atenção, não é frescura, às vezes é um pedido de ajuda) são indícios de que a pessoa precisa de ajuda.





Uma certeza: Precisamos promover debates sobre o tema, oferecer apoio psicológico e nos preocupar, de verdade, com essas vidas. As pessoas não se suicidam, apenas, por possuírem distúrbios mentais e, ainda que seja esta a motivação, devemos prevenir. A coletividade pode modificar este quadro. O suicídio não deve ser tratado como natural, normal, ou comum.





Uma amiga, estudante de Medicina no Espírito Santo, chamou minha atenção quando questionei se alguém já havia cometido suicídio em sua faculdade, ao passo que recebi um grande sim e me foi uma grande surpresa. A pessoa era ela mesma. Por conta de seus problemas no desempenho da faculdade, ela poderia perder sua bolsa de 100%, seu “curso dos sonhos” estava a entristecendo. Pensei: Como eu não vi isso?





E você repassa em sua mente o quanto poderia ter sido útil se tivesse, simplesmente, parado para ouvir o outro. Segundo ela, a faculdade pressiona e maltrata os alunos e quer que estes mesmos alunos tratem os pacientes com amor. Uma frase no final de nossa conversa me fez repensar todo o sistema e a repasso para reflexão: “Na faculdade, cobram a produtividade como a de máquinas e, ao mesmo tempo, a humanidade como de pessoas”.





Se você precisa de ajuda ou conhece alguém que precise.


Saiba como agir quando alguém apresentar sinais de comportamento suicida


- Não deixe a pessoa sozinha


- Remova álcool, drogas, medicamentos ou objetos afiados que possam ser usados em uma tentativa de suicídio


- Procure ajuda médica. Leve a pessoa a um pronto atendimento ou busque ajuda de um especialista em saúde mental


Contate o Centro de Valorização à Vida





Telefone: 141







E-mail: atendimento@cvv.org.br




Karla Alves
Bacharel pela Faculdade de Direito de Vitória - FDV
Advogada

Nenhum comentário:

Postar um comentário